9 Atitudes do Mindfulness e a minha História com o Pão de Levedação Natural

Índice

O artigo de hoje é sobre mindfulness e a minha história. É sobre mim ou talvez sobre todos nós. Se preferir ouvir-me a ler o artigo, há essa opção, uma vez que ele também está em podcast no “Germinações da Mil Grãos”. Deixo o link no final.

Este artigo do Blog saiu diretamente do meu coração. Tenho, desde criança, a capacidade de observar, de ler os acontecimentos, de “escaranfunchar” quando não os entendo, e de sintetizar, para que me sirvam de aprendizagem. É, naturalmente, a minha visão. Eu sei que outras pessoas veriam os mesmos acontecimentos de outra forma e interpretariam desde o seu ponto de vista. Estou em paz com isso, aqui partilho aquilo que vejo, a forma como sinto e interpreto o que me vai acontecendo.

Hoje venho contar-vos um pouco da minha história com o pão.

Porque é que eu apareço ligada ao pão de levedação natural? O que é que este pão tem a ver com desenvolvimento pessoal, com atenção plena, ecologia (interna e externa) e saúde.

Acredito que faça um pouco de confusão, verem-me como facilitadora de programas de mindfulness, professora do ensino superior na área de engenharia, health coach em macrobiótica e, ao mesmo tempo, alguém que ensina a arte, aparentemente tão pouco nobre e simples, de fazer pão.

Macrobiótica e Pão

As massas lêvedas e o pão sempre exerceram um fascínio em mim. Logo que pude comecei a fazer o meu próprio pão, com os melhores ingredientes e com os melhores conhecimentos que tinha. Adoro pão, mas adoro ainda mais proporcionar os melhores alimentos à minha família.

Quando chego à macrobiótica dizem-me que o pão não é um bom alimento, e que deve ser retirado, na maioria dos casos, quando fazemos orientação alimentar a pessoas com problemas de saúde. Depois, ao longo das aulas, ouço mais que um professor de referência na área, dizer que o pão é o cereal dos Europeus (na Ásia o arroz, na América o milho e na Europa o pão com base de trigo…) e que não se pode tirar o pão da cultura europeia e dos europeus. Havia aqui uma contradição!

É-me muito difícil ficar pela rama. Sempre que alguma coisa me parece contraditória, investigo.

Apercebo-me, entretanto, que o pão da panificação industrial, o pão a que temos acesso mais facilmente, não é o pão que os nossos antepassados comiam e não era o pão a que estes professores de macrobiótica se referiam. Os cereais, a moagem, a levedação e o fabrico foram completamente alterados e adulterados, tornando o pão um alimento a retirar da alimentação.

Comecei a procurar a forma de fazer o pão que os meus antepassados comiam, e cheguei ao pão de levedação natural, feito apenas com farinha, água e sal. Para aprender a fazer este pão, investi dinheiro, mas acima de tudo tempo, muito tempo. Foi esse tempo que me trouxe a capacidade de observar o processo, de criar espaço dentro de mim para aprofundar aprendizagens e para sentir a ligação das mãos ao coração.

Assim como os asiáticos tornaram a soja um alimento benéfico para os seres humanos, através de processos de fermentação como os que se fazem para obter o shoyu ou o miso (conhecido como o alimento dos Deuses), os europeus aprenderam a comer farinhas de forma única: tornando-as um alimento saudável através da fermentação natural.

As farinhas que são péssimas para o sistema digestivo, tornam-se, com a levedação natural, amigas desse mesmo sistema digestivo. É incrível, não é? Quando não se manipulam processos consegue-se retirar dos mesmos o melhor: mais saúde, mais integridade, mais sabor e mais vida.

9 Atitudes do Mindfulness

Não me vou alongar a falar sobre a levedação natural, porque tenho vários artigos no meu blog sobre isso:

Por exemplo este:

Ou este:

Ou ainda este:

No entanto, queria referir que as leveduras selvagens e as bactérias ácido-lácteas que se criam quando se procede ao desenvolvimento do nosso fermento natural são um verdadeiro milagre. O fermento natural é uma colónia perfeitamente adaptada às pessoas que vivem na casa e às farinhas que utilizamos para fazer o pão. Uma colónia em que convivem micro-organismos em simbiose perfeita entre eles e em simbiose com quem cuida do fermento natural.

Então a tal arte de fazer pão, tão pouco valorizada e reconhecida, é na verdade muito semelhante à arte de viver e de desenvolver as capacidades de atenção plena, cuidado por nós e pelos outros, desenvolvimento pessoal, comunidade, generosidade, capacidade de abrandar e entrar em contacto com os processos naturais, esses mesmos processos que nos tornam humanos.

Descobri que a fazer pão desenvolvo algumas atitudes do mindfulness, como a paciência, a gratidão, a generosidade, a mente de principiante, não-esforço, aceitação, desapego e acima de tudo o contacto íntimo com o momento presente, a Atenção Plena.

Se quiserem saber mais um pouco sobre estas 9 atitudes deixo aqui um video do Jon Kabat-Zinn: https://youtu.be/r5nfLxxxljo

Sei que há muitas pessoas que participam em workshops meus que me dão o feedback de que mais do que aprenderem a fazer pão, aprenderam esta ligação íntima com o processo e se sentiram tocados pela forma como o pão nos transforma. Na verdade, eu ensino todas as técnicas e o porquê de cada técnica/fase, mas mais do que isso, eu também ensino que ao fazer pão entramos em contacto profundo com o ritmo da vida, com as nossas emoções, com o nosso coração.

Como o pão influenciou tanto a minha vida nos últimos anos

Eu já fiz milhares de pães de levedação natural. Comecei a fazer para amigos, depois para pessoas que me pediam, e até investi dinheiro num dos melhores fornos para fazer pão em casa, um forno que me permitia cozer 12 pães de cada vez. Nessa altura, sentia como sendo parte da minha missão ajudar pessoas a terem acesso aos melhores produtos para restabelecerem a sua saúde. Mas… há quem tenha a missão de fazer pão para vender, o meu caminho não é esse. Essa foi mais uma lição que me trouxe o pão: o não apego. Ver isto à distância é tão bonito! Deixei ir sem dor e em paz. Não foi um processo imediato, por isso é que digo que só agora, à distância, é que vejo este ciclo fechar-se em paz.

Entretanto vendi tudo e passei a fazer pão, outra vez, apenas para mim e para a minha família.

O pão também me ajudou a desenvolver outra atitude do mindfulness: não julgamento.

Durante estes últimos anos tive quem me quisesse ajudar nesta tarefa de fazer pão de levedação natural para vender. Essa pessoa apareceu com muita disponibilidade, e depois desapareceu quando eu já tinha feito um investimento avultado para que isso se concretizasse. Desapareceu de um momento para o outro, quase sem justificação. Tirou-me o tapete.

Depois tive outra pessoa que me convidou para trabalhar com ela a facilitar sessões de mindfulness e meditação. Por causa de fazer pão para vender não tinha tempo e atrasei-me muito na resposta a essa abertura. Essa pessoa avançou nesta área sem mim e sem falar previamente comigo. Tirou-me o tapete.

Não estou magoada, acho que neste momento nem sequer estou triste. Observo, respiro, não julgo. Cada um terá o seu processo e eu deixo ir sem mágoa. Que pelo menos não sintam da minha parte qualquer resistência aos seus processos.

Yoga Woman Hands. Lotus Position
Close up image of woman’s hands in lotus position by the lake

Vida, morte e renascimento

O pão ensinou-me e ensina-me tanto! Os processos todos têm um início, o desenvolvimento e um fim. E quando terminam nunca terminam, mas transformam-se. Olhem para o pão! Quando fazemos pão alimentamos o nosso fermento natural, criamos mais vida. Esse fermento vai permitir que o pão cresça, vai-lhe dar sabor e vai tornar os cereais digeríveis. As bactérias e as leveduras estão a criar vida ao seu ritmo, com as condições que lhes forem proporcionadas. Sem pressa.

No momento que colocamos o pão no forno toda a vida contida no pão desaparece. Mas quando a vida dentro do pão aparentemente desaparece, eis que temos um alimento nobre, saudável, íntegro e saboroso, para dar vida a outra vida. Esse pão vai alimentar o nosso corpo, o nosso sangue, as nossas células, e ajudar a manter um intestino saudável.

Já alguma vez sentiram as searas maduras enquanto mastigam um pedaço de pão? A chuva que regou o grão e o ajudou a germinar, o solo que alimentou a espiga, o sol que a fortaleceu e amadureceu. Tudo isso está contido num pedaço de pão: vida, morte e renascimento. Quando comemos pão em atenção plena todo este continuum de vida, morte e renascimento surge diante dos nosso olhos e coração, e isso permite cultivar várias atitudes de mindfulness.

Também eu estou a entrar noutra fase da minha vida. A fase em que me estou a gerar a mim própria. Tenho três filhos e não vou ter mais. A minha gestação não leva 9 meses, leva anos e é muito importante todo o cuidado nesta fase. Sei que nos últimos anos e nos próximos anos estarei a preparar a forma como quero ser no último terço da minha vida. Acompanhar mulheres nesta fase da vida tem-me trazido muita sabedoria. O cultivo das atitudes de mindfulness que fui referindo ao longo deste artigo é fundamental para entrar neste portal, para transitar para o novo ciclo.

Oferta de Workbook para trabalhar as 9 Atitudes do Mindfulness

Criei um Workbook que pode descarregar aqui, e que pode ajudar a desenvolver as 9 Atitudes do Mindfulness. Principalmente para mulheres que querem preparar-se para a menopausa, mas não só.

Escreva o seu nome e email no formulário abaixo para receber o Workbook para trabalhar as 9 Atitudes do Mindfulness.

Obrigada por me ter lido e acompanhado. Se tiver dúvidas estou aqui para responder. Com Amor e sem julgamento.

Se preferir ouvir o artigo

Deixo aqui o link para o Podcast com a leitura do artigo na íntegra.

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Dulce

Com formações e experiência nas áreas da Macrobiótica e no Mindfulness, desenvolvi o projeto Mil Grãos, onde o foco é oferecer-lhe informações, conhecimento, prática e experiências para uma vida mais Humana, Ecológica e Espiritual.

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